A execução sumária, com requintes de crueldade, humilhação e linchamento de Kadafi, um homem com quase 70 anos e, seu filho e de mais 53 de seus partidários pelos mercenários do CNT, contratados pela coalizão invasora, depois que foram interceptados e alvejados por caças franceses da OTAN, capturados e desarmados, foi um dos capítulos mais sanguinários do golpe de Estado maquiado da bárbara recolonização da Líbia.
Além de se apossarem das reservas da Líbia, as maiores do continente africano, os EUA, França, Inglaterra e Cia buscam, como no Iraque, tirar proveito da destruição que causaram depois de bombardear o país por 216 dias a partir da resolução de impor uma zona de exclusão aérea aprovada na ONU. A infra-estrutura das cidades líbias foi arrasada por ataques da OTAN e as construtoras multinacionais, principalmente ianques, se apresentam agora para estabelecer contratos financiados pelos Estados imperialistas “para reconstruir a Líbia”, ao mesmo tempo em que imporá sobre a população líbia uma dívida impagável. E os fantoches do CNT como Mahmoud Jibril estão recebendo sua gorjeta como sócios menores desta pilhagem. Para garantir o aumento da pilhagem do país a fim de saciar os vorazes apetites imperialistas, o novo governo fantoche tratará de acentuar a superexploração do proletariado negro africano que trabalha na Líbia e foi uma das primeiras vítimas do terror das hordas lumpens mercenárias de Bengasi.
Desde o primeiro momento, o Comitê Antiimperialista condenou a armação golpista orquestrada pelo imperialismo na esteira dos levantes populares na Tunísia e no Egito. Não caímos no conto dos falsos “rebeldes” da CIA. O Comitê Antiimperialista soube muito bem discernir de que lado ficar na guerra entre o imperialismo e um país oprimido, independente do regime que governa este país oprimido. Com esta clareza, decididamente organizamos um importante debate onde compareceram 22 organizações políticas, esta atividade foi seguida de um altivo ato de rua no centro da capital paulista exigindo “Fora o Imperialismo da Líbia!” e Fora a ONU e o exército brasileiro controlado por Lula e Dilma do Haiti, no dia 04 de junho.
O Comitê não reivindicou o governo burguês de Kadafi, menos ainda sua trajetória política nos últimos 20 anos, quando depois de ter realizado progressivas nacionalizações do petróleo líbio contra os interesses do imperialismo, ele se reaproximou do grande capital financeiro mundial. A morte dele não o redime destes erros nem da vacilação por retardar o armamento da própria população líbia diante da eminência do ataque dos mercenários da CIA sediados em Bengasi. Mas não podemos deixar de reconhecer a exemplar escolha de Kadafi, que poderia ter fugido do país, se exilado, porém, conforme ele havia jurado desde os primeiros dias dos ataques da OTAN, lutaria até a morte com seu povo contra os invasores e traidores e terminou seus dias combatendo na cidade onde nasceu, Sirte, ao lado dos combatentes que o seguiam, contra a ditadura mais sanguinária já instaurada sobre a terra, a ditadura do estado imperial ianque. Mesmo depois da queda da capital do país, Trípoi, nos últimos dois meses a resistência antiimperialista resistiu heroicamente nas cidades de Bani Walid e Sirte. Vale destacar que Kadafi nasceu sob ocupação fascista italiana e morreu sob ocupação da OTAN. O paralelo não pode ser desperdiçado, incluindo os fatos de a Itália de Berlusconi ter fornecido alguns dos aviões de guerra para a atual coalizão militar que é infinitamente mais poderosa e expansionista que o fascismo de meados do século XX e de que apesar das capitulações de Kadafi, a Líbia era ainda o único país do norte da África que não fazia parte do Diálogo do Mediterrâneo, uma espécie de anti-sala de ingresso na OTAN.
Longe do teatrinho cínico feito pela canalha da ONU que finge reivindicar do CNT uma investigação “para saber como Kadafi morreu”, este espetáculo de barbarismo não foi um excesso dos mercenários que supostamente seriam menos civilizados que seus mandantes da Casa Branca e Cia. Foi um marketing do terror do império para assustar adversários como os governos da Síria, Irã, Venezuela, Cuba e Coréia do Norte com o que pode acontecer com eles caso resolvam confrontar-se até as últimas conseqüências contra o grande capital imperialista.
Por tudo isto, o Comitê Antiimperialista convida ao conjunto dos lutadores sociais e dos agrupamentos políticos comprometidos com a luta antiimperialista no país a organizar atividades de solidariedade e apoio a resistência antiimperialista e anti-CNT na Líbia. Nesse sentido, acreditamos que a luta antiimperialista é um passo fundamental da luta contra o capital e todos seus governos pela revolução socialista.